
Conheci o Radegundis em 22 de julho de 1989, no Seminários Pro-Arte, no Rio de Janeiro, onde o Quinteto Brassil ministrou uma semana de aulas. Incrível aquele trombonista! Ouvir Czardas ao trombone pela primeira vez foi insequecível.
Nos anos que se seguiram fui aos quatro cantos do Brasil ter aulas com o Nailson e o Schlueter e nessas viagens fiquei muito próximo do grupo e seus integrantes. Tenho muitas histórias divertidas, muitas situações em que o lado humano do Radega se destacou.
Tenho uma dívida eterna com ele. Na década de noventa, eu ia pedir demissão dos meus trabalhos em Vitória e ir para João Pessoa fazer o bacharelado. Numa conversa informal ele me aconselhou: "Não faça isso! Quando você voltar não haverá mais espaço para você trabalhar em sua cidade. Continue participando dos festivais para manter o contato, mas não peça demissão dos seus trabalhos!" Esse conselho foi decisivo: poucos anos depois pude fazer o mestrado e o doutorado com o Nailson e hoje estou aqui na UFG. Sem o seu conselho, seria grande a possibilidade de nada disso ter acontecido.
Em toda minha trajetória dentro da universidade, o Radega nunca mediu esforços para estar presente nas bancas de mestrado e doutorado, uma correria... ele saia de madrugada de João Pessoa, chegava correndo para a defesa e no mesmo pique voltava para casa. Nessas ocasiões, tive a honra de tocar com ele a Suíte Monette e a Fantasia para Trompete e Trombone do Maestro DUDA.
Nos nove Encontros Internacionais de Metais realizados em Vitória, Radega nos alegrou com sua presença e sua música. Foram inesquecíveis os bobós lá em casa, com prato na mão e copo de bebida no chão e a gargalhada fácil sempre presente. Minha família, meus pais, todos, tinham um carinho muito grande por ele.
Ano passado, ele veio fazer um recital aqui em Goiânia. Antes, ministrei uma palestra sobre o recital. Foi nosso último encontro, sempre marcado pela alegria e pelo exemplo a ser seguido.
Grande Radega, MUITO obrigado por tudo.