Ontem, dia 04/07, apresentei o Quiet City (Copland) e o Concertino (DUDA) com a Camerata SESI-ES. Tocar frente à uma orquestra é uma oportunidade imperdível. Nesse primeiro semestre de 2009 é a segunda vez que tenho esse privilégio.
A Camerata SESI-ES é uma orquestra de câmera, formada por jovens estudantes, em processo de profissionalização. A orquestra é fruto do trabalho e da dedicação de seu Maestro e Diretor artístico, o Maestro Leonardo David. Louvável o suporte que a FINDES, através do SESI, oferece ao projeto. Em um ambiente em que a música descartável frequenta os programas dominicais da TV brasileira, a FINDES/SESI, se destaca pela sensibildade e consciência da importância da divulgação e do ensino na música em seus programas educacionais e culturais.
O Quiet City, é uma obra que gosto muito de tocar. Já a apresentei algumas outras vezes, com a OFES (Gustavo Napoli, corne-inglês) e no Rio de Janeiro (Mosineide Schulz, oboé). Penso que já toquei outras vezes, mas não me recordo...
A obra apresenta um trompete com dinâmica que percorre do pianíssimo ao fortíssimo, com uma extensão de duas oitavas. Dinâmica e extensão estão diretamente ligadas à densidade orquestral, ou seja, no ponto culminante, na parte central da obra, o trompete está toca suas notas mais agudas e maior intensidade sonora. O caráter é lírico, com muitas frases ligadas e possibilidades de utilizar o agrupamento de notas como ferramenta interpretativa.
O desafio, é integrar-se à sonoridade do oboé. A Mosineide tem um belo som e eu não poderia, jamais, impedir ao público de ouvir o seu som e sua expressividade.
Esse é "o" desafio da música de câmera: saber a hora de se recolher. Eu acredito, que em termos de música de câmera, principalmente em relação ao trompete e suas características sonoras, podemos na maioria das vezes, pensar mais nos outros instrumentos. Alguém vai questionar: O trompete vai "sempre" tocar piano? Não! Quando tiver que tocar fortíssimo, ninguém nos segura! Porém, podemos utilizar a articulação e o vibrato como dinâmica sem a necessidade de tocar forte. Pensar no grupo e na obra em primeiro lugar.
Bom... voltemos ao Quiet City.
Foi uma satisfação muito grande estar em Vitória fazendo música com os amigos. Muito obrigado ao Maestro David pelo convite. Aos "meninos" da Camerata, meus parabéns pelo trabalho e a Mosineide, obrigado, por ter aceitado dividir o palco nessa empreitada.