domingo, 14 de junho de 2009

A Universidade

O que é que faz um curso universitário ser, de fato, universitário?
Um curso universitário só se justifica como tal, na medida em que seja imbuído de um espírito filosófico. Como assim?
Servir ao mercado, estritamente, não é o objetivo de um curso universitário, mas sim ensejar a formação de profissionais que, mais do que (re)produzir modelos e paradigmas vigentes, teriam - em tese - o dever de repensar sua realidade procurando perceber a sua relação com o mundo, ou seja, com o todo. Não se trata de filosofia enquanto disciplina, mas sim de um "filosofar" (uma atitude filosófica) que busca ultrapassar a reprodução pura e simples dos conhecimentos e condutas e, portanto, da manutenção do modus operandi.
É importante verificar outro ponto, não quero dizer que a Universidade não deve capacitar o profissional. Ela não deve atender a uma demanda de subserviência ao mercado. A Universidade deve, ao contrário, dar conta de preparar sim o profissional o melhor que este possa ser - tecnicamente - ao ponto deste profissional poder atuar como protagonista no famigerado "mercado de trabalho".
É isso!
Refletir constantemente sobre a relação do seu próprio trabalho com o mundo, com o todo: um profissional egresso da Universidade deve ter portanto esta premissa. Muito mais do que "entender" este mundo - uma vez que este suposto entender é comprometido com determinados contextos e visões de mundo - é necessário refletir constantemente sobre este mundo e sobre as próprias atuações enquanto profissional que passou pela Universidade.
O que dizer então daqueles que nela, na Universidade, ainda se encontram? Ah, estes precisam vigiar para que seus professores estejam comprometidos com uma formação que não se paute na mera repetição. Não vigiar somente os seus professores, mas também os seus gestores e a si próprios.

Estevão Moreira
Rio de Janeiro